Uma pesquisa divulgada na semana passada aponta que os investimentos em inovação cresceram no Brasil. A 8ª edição do estudo Global Innovation 1000 de 2012, desenvolvida pela consultoria Booz & Company, destaca que o investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) no País cresceu de R$ 4 bilhões (US$ 2,4 bilhões), em 2010, para R$ 6,2 bilhões (US$ 3,7 bilhões), em 2011. No mundo, os investimentos alcançaram os US$ 603 bilhões no ano passado, representando um crescimento de 9,6% ante 2010, ano que totalizou US$ 550 bilhões.
O gerente-executivo de Inovação e Tecnologia do Senai, Jefferson de
Oliveira Gomes, afirma que o Senai, em conjunto com a Confederação
Nacional da Indústria (CNI), está investindo em projetos que reforcem a
"musculatura de inovação no Brasil".
Esses projetos contam com o aporte do BNDES, com empréstimos que
totalizam R$ 1,5 bilhão, e por parte das próprias indústrias e CNI, que
devem desembolsar quase R$ 1 bilhão. Dentro desse sistema, serão criados
23 institutos de tecnologia em todo País.
Outro projeto englobado pelo sistema é o Edital Senai Sesi de Inovação,
voltado às pequenas empresas. O objetivo do Edital é apoiar projetos de
pesquisa aplicada em empresas do setor industrial com ênfase em
inovação tecnológica e social. Serão destinados R$ 27,5 milhões para os
105 projetos já selecionados. o edital prevê a possibilidade de envolver
profissionais do Senai e do Sesi com custos compartilhados e o apoio
técnico especializado por meio de bolsas do CNPq para execução do
projeto. Desde 2004, já foram aprovados 307 projetos.
"Esse Edital é uma prova de conceito para ter um termômetro. Na
verdade, não importa a temática do projeto, importa a sistemática, o
método que será utilizado", argumenta Gomes. Ele defende que o Edital
financia sobretudo a empresa, já que a mesma deve, obrigatoriamente,
desenvolver plano de negócio e técnicas de design. "O Edital promove o
fortalecimento da empresa, afinal inovação não pode se resumir a um
produto, é todo um sistema", comenta.
Obstáculos
Porém, o Brasil ainda tem muito a avançar. Segundo o gerente-executivo,
um dos problemas é que as grandes empresas brasileiras, que possuem
centros de P&D, muitas vezes cooperam e realizam testes fora do
País. "Assim todo o conhecimento também fica no exterior. Já nas
pequenas indústrias, a estrutura é pífia e elas têm que fazer o
experimento na hora, pois não têm muito tempo disponível", explica
Gomes.
Mas algumas empresas sobrevivem graças às inovações constantes. Uma
delas é a Pollux Aumotation, que atua há mais de 15 anos no setor de
automação industrial. "Fazemos inovação praticamente todos os dias.
Vamos dentro da indústria, analisamos e buscamos desafios e soluções",
define o diretor-presidente da Pollux, José Rizzo Hahn Filho.
Um grande salto da empresa foi dado em 2007, quando em parceria com o
Senai,desenvolveu um protótipo de robô que simula a visão humana para
processar imagens e identificar produtos com defeito na linha de
produção, garantindo uma inspeção de 100% e reduzindo o tempo de
verificação e preservando a atividade humana. o protótipo custou cerca
de R$ 150 mil e, em 2008, a Pollux já começou a comercializar o produto
para a indústria, principalmente automotiva.
"Unimos duas tecnologias que até então eram separadas, os robôs e o
sistema de visão. os robôs eram programados e trabalhavam dentro de uma
mesma posição. Então unimos eles a um sistema de visão com um
software", explica Hahn Filho. A vantagem, segundo o diretor-presidente,
é que para um fabricante de motores, por exemplo, que tem vários pontos
e quer analisar se não há nenhum problema com a peça, o robô pode
posicionar a câmera em todas as esferas.
As expectativas da Pollux para o futuro são ainda melhores. Hahn Filho
acredita que nos próximos três anos, com o Inovar-Auto e a exigência de
nacionalização da indústria automotiva, a empresa cresça ainda mais.
Ele argumenta que o investimento da indústria brasileira em automação
passa por mudanças. Antes não era vantagem ter um robô no lugar de um
trabalhador, porém atualmente o custo da mão de obra na indústria é cada
vez mais alto. "Nos últimos 10 anos, houve um aumento de três vezes na
mão de obra industrial e isso não reflete em produtividade. Porém, há um
longo caminho pela frente. No Japão e nos Estados Unidos há um robô
para cada 10 trabalhadores nas fábricas, no Brasil, esse número é de um
robô para cada mil", avalia.