terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Toyota apresenta carro-conceito que dispensa motorista


Toyota apresenta carro-conceito que dispensa motorista
A tecnologia de carros sem motorista está avançando rapidamente, mas o aparato no teto do Toyota Lexus mostra que ainda serão necessários alguns esforços de miniaturização.[Imagem: Toyota]

Com informações da BBC - 08/01/2013

Carro inteligente

A fabricante de carros Toyota revelou os primeiros detalhes da tecnologia chamada auto-drive, que será apresentada na Consumer Electronics Show (CES), em Las Vegas, que começa hoje.
A montadora apresentou um carro modelo Lexus equipado com o sistema de segurança, capaz de minimizar acidentes de trânsito.
A empresa já havia feito história quando um Toyota Prius tornou-se o primeiro carro sem motorista a ser licenciado nos EUA.
A tecnologia inclui um radar de bordo e câmeras de vídeo para monitorar a estrada, os arredores e o motorista.
O carro também pode se comunicar com outros veículos equipados com o mesmo sistema.
"Nós estamos olhando para um carro que possa eliminar os acidentes [de trânsito]," disse o porta-voz da empresa. "Zero-colisões é o nosso objetivo final".
Sistema de transporte inteligente

A Toyota enquadra sua tecnologia no âmbito dos "sistemas de transporte inteligentes".
O protótipo é capaz de monitorar se o motorista está acordado, manter o carro na estrada, e parar em sinais de trânsito.
A tecnologia foi desenvolvida para ser utilizada em conjunto com um motorista, mas o carro pode se controlar sozinho, disse o porta-voz da empresa.
Uma série de balizadores ópticos instalados na beira da estrada ajudariam o carro detectar as posições dos pedestres e obstáculos, e transmitir informações ao protótipo sobre se um semáforo está vermelho ou verde.
No entanto, o carro também pode monitorar as posições independentemente dos balizadores.

Carros totalmente automatizados

"Não estamos como os Jetsons ainda, mas nosso carro está liderando a indústria em uma nova era", afirmou a Toyota fazendo referência ao desenho animado no qual os protagonistas usam veículos totalmente automatizados.
A Toyota também desenvolveu uma tecnologia que permite ao carro comunicar-se com o smartphone do motorista para oferecer recursos de realidade aumentada.
A empresa Google recebeu uma patente de um carro autônomo em 2011, e garantiu uma autorização para uso de seu carro sem motorista em maio de 2012.
No mesmo mês, a Volvo testou um comboio de carros auto-drive em uma estrada espanhola.
Carros sem motorista

Especialistas acreditam que autocondução dos carros - carros sem motorista -, assim como as redes veiculares inteligentes, poderiam melhorar drasticamente a segurança rodoviária.
"Os computadores vão estar sempre vigilantes", disse o professor Paul Newman, que lidera um projeto da Universidade de Oxford sobre este tipo de veículo.
Os sistemas do carro podem ser projetados de modo que uma falha não resulte em um acidente, acrescentou o pesquisador.
Mas, como em todas as novas tecnologias, há muitos que ainda discordam dos especialistas:
Contudo, mesmo para os mais conservadores, já há opções, como os copilotos inteligentes.

Alcançada temperatura abaixo do zero absoluto


Físicos alcançam temperatura abaixo do zero absoluto
Devido à forma como a temperatura é definida, não há uma transição suave entre as temperaturas absolutas positivas e negativas - tão logo a distribuição de energia é invertida, atinge-se um calor descomunal.[Imagem: LMU/MPG Munich]

Redação do Site Inovação Tecnológica - 07/01/2013

Além da escala Kelvin

A escala de temperaturas absolutas - conhecida como escala Kelvin - é um dos conceitos centrais da física.
Por definição, nada pode ser mais frio do que o zero absoluto, estabelecido em 0 Kelvin, ou -273,15 °C.
Contudo, há muito os físicos sabem que, abaixo do zero absoluto, há todo um reino de temperaturas absolutas negativas.
Em 2011, um grupo de físicos teóricos alemães demonstrou que, se não é possível passar suavemente pelo zero absoluto, como acontece na escala Celsius, é possível saltar pelo 0 K e ir diretamente para esse reino ainda inexplorado.
Agora, uma outra equipe alemã fez os experimentos e demonstrou na prática como ir abaixo do zero absoluto.
E a realidade mostrou-se impressionante: abaixo do quase inatingível frio absoluto estão algumas das temperaturas mais quentes já observadas no Universo.
O resultado terá largas implicações em várias áreas científicas, da física básica à cosmologia.

Calor absoluto

Simon Braun e seus colegas da Universidade Ludwig Maximilian de Munique obtiveram a temperatura absoluta negativa movendo átomos em um gás ultrafrio.
Na escala Kelvin normal - das temperaturas absolutas positivas - a temperatura é proporcional à energia cinética média das partículas.
Mas nem todas as partículas têm a mesma energia - há na verdade uma distribuição de energia, sendo os estados de baixa energia mais ocupados do que os estados de alta energia - isto é conhecido como distribuição de Boltzmann.
No caso das temperaturas Kelvin negativas, a distribuição é invertida, e os estados de alta energia são mais ocupados do que os estados de baixa energia.
O resultado é um calor que se aproxima do estado mais quente que se pode obter quanto mais próximo a temperatura absoluta negativa está do zero absoluto.
A inversão drástica dos estados de energia - uma distribuição de Boltzmann invertida - faz com que a temperatura sub-Kelvin não seja mais fria, mas incrivelmente quente.
"Ela é ainda mais quente do que qualquer temperatura positiva - a escala de temperaturas simplesmente não vai ao infinito, ela salta para valores negativos," disse Ulrich Schneider, coordenador da equipe.
Segundo o pesquisador, essa contradição é apenas aparente, e nasce da forma como a temperatura absoluta tem sido definida ao longo da história - o experimento abre a possibilidade de uma nova definição da temperatura, o que pode fazer com que a contradição desapareça.

Motor com eficiência maior que 100%

A matéria em temperaturas negativas absolutas pode ter consequências científicas e tecnológicas sem precedentes.
Com um sistema robusto o suficiente poderá ser possível criar motores a combustão com uma eficiência energética que supere os 100%.
E isso não significa uma violação da lei de conservação de energia - esse motor hipotético poderia não apenas absorver energia do meio quente, executando um trabalho como os motores normais, mas também extrair energia do meio mais frio, executando trabalho adicional.
Sob temperaturas absolutamente positivas, o meio mais frio inevitavelmente se aquece, absorvendo uma parte da energia do meio mais quente, o que impõe um limite à eficiência do motor.
Contudo, se o meio quente tiver uma temperatura absoluta negativa, é possível absorver energia dos dois meios simultaneamente.
O trabalho realizado pelo motor será, portanto, maior do que a energia retirada apenas do meio quente - sua eficiência será superior a 100%.
Físicos alcançam temperatura abaixo do zero absoluto
O experimento pode ser comparado a esferas em uma superfície ondulada. Nas temperaturas positivas (esquerda) a maioria das esferas fica nos vales, em seu estado de energia mínimo, quase imóveis - uma distribuição de Boltzmann normal. Em uma temperatura infinita (centro), as esferas se distribuem uniformemente nos dois estados. Na temperatura absoluta negativa (direita), entretanto, a maioria das esferas vai para os picos, no limite superior de energia potencial (e cinética). Os estados com energia total mais elevada ocorrem mais frequentemente - uma distribuição de Boltzmann invertida. [Imagem: LMU/MPG Munich]

Desafiando a gravidade

O experimento tem também um impacto direto para o campo da cosmologia, mais especificamente, sobre a energia escura, uma força ainda desconhecida que os cientistas usam para explicar a aceleração da expansão do Universo.
Com base apenas nas forças conhecidas, o Universo deveria estar se contraindo devido à atração gravitacional entre todas as massas que o compõem.
O experimento da temperatura absoluta negativa revelou um fenômeno que desafia a gravidade, agindo no sentido contrário, exatamente como se propõe que a energia escura faça.
O experimento se baseia no fato de que os átomos no gás não se repelem uns aos outros, como nos gases normais.
Na verdade, eles interagem de forma atrativa, ou seja, os átomos exercem uma pressão negativa.
A nuvem de átomos tenderia naturalmente a se contrair, devendo colapsar, exatamente como em um Universo onde apenas a gravidade estivesse atuando.
Isso, contudo, não acontece justamente por causa da temperatura absoluta negativa, extremamente quente - e o gás não colapsa, exatamente como o nosso Universo.

Temperatura absoluta negativa

A inversão dos estados de energia das partículas em um sistema ultrafrio não pode ser realizada em um sistema natural - como a água, por exemplo - porque o material teria que absorver uma quantidade infinita de energia.
Mas a coisa é bem diferente quando se trabalha com um sistema no qual as partículas - ou átomos - tenham um limite superior de energia.
Simon Braun trabalhou com um sistema artificial, composto por cerca de 100 mil átomos em uma câmara de vácuo, o que os torna perfeitamente isolados do ambiente externo.
Os átomos foram resfriados a uma temperatura de alguns bilionésimos de um Kelvin, uma das temperaturas mais frias que se consegue obter em laboratório.
Os átomos no gás ultrafrio foram então capturados por armadilhas ópticas, feitas por feixes de raios laser, e dispostos em uma matriz perfeitamente ordenada.
Cada átomo pode mover-se do seu local na matriz óptica para o local vizinho por tunelamento, mas sem perder algo que é fundamental para o experimento: ao contrário dos sistemas naturais, as partículas da matriz óptica possuem um limite superior de energia.
Assim, a temperatura do sistema não depende apenas da energia cinética, mas da energia total das partículas, o que inclui as energias potencial e de interação, ambas igualmente com um limite superior impostas pelo experimento.
Em condições normais, os átomos tenderiam a escapar da rede óptica, colapsando e aglomerando-se novamente em uma nuvem disforme, sugada para baixo pela gravidade. Mas os cientistas ajustaram a rede óptica para que fosse energeticamente mais favorável aos átomos permanecerem em suas posições ordenadas.
Os cientistas então levaram os átomos até seu nível superior de energia total, materializando uma temperatura absoluta negativa, de alguns bilionésimos -K, em um sistema que se manteve estável.


Bibliografia:

Negative Absolute Temperature for Motional Degrees of Freedom
S. Braun, J. P. Ronzheimer, M. Schreiber, S. S. Hodgman, T. Rom, I. Bloch, U. Schneider
Science
Vol.: 339 - 52-55
DOI: 10.1126/science.1227831

Negative Temperatures?
Lincoln D. Carr
Science
Vol.: 339 - 42-43
DOI: 10.1126/science.1232558

Calor é manipulado como se fosse luz


Calor é manipulado como a luz
Essa "lente para calor" já consegue manipular até 40% de todas as ondas de calor, concentrando-as como uma lente concentra a luz. [Imagem: Martin Maldovan]

Redação do Site Inovação Tecnológica - 15/01/2013


Domando o calor

Há muito tempo os cientistas tentam domar o calor, seja para retirá-lo de onde ele é indesejado, seja para reaproveitá-lo na geração de eletricidade, ou mesmo para marcar o tempo.
Tudo isso, e muito mais, agora ficou mais próximo da realidade graças ao trabalho do Dr. Martin Maldovan, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos.
Maldovan descobriu uma forma de lidar com o calor da mesma forma que a luz, permitindo que o calor seja manipulado por lentes e espelhos, dispersando-o ou focalizando-o.

Fônons

Assim como o som, o calor é uma vibração da matéria - tecnicamente ele é uma vibração da rede atômica de um material.
Essas vibrações podem ser descritas como um feixe de fônons, uma espécie de "partícula virtual", análoga aos fótons que transmitem a luz.
Usando essa analogia, Maldovan descobriu que é possível adaptar para o calor um tipo de nanoestrutura, conhecida como cristais fotônicos - que vem realizando verdadeiros milagres no campo da óptica e da acústica.
Ele utilizou especificamente os cristais fonônicos - que manipulam fônons, em lugar de fótons - cujos espaçamentos são construídos para equivaler precisamente ao comprimento de onda dos fônons de calor.
"É uma forma completamente nova de manipular o calor," diz Maldovan, explicando que o calor difere do som na frequência das suas vibrações: o som é formado por vibrações de baixa frequência, até a faixa dos kilohertz (milhares de vibrações por segundo), enquanto o calor é formado por vibrações de altíssima frequência, na faixa dos terahertz (trilhões de vibrações por segundo).

Calor hipersônico

Para adaptar para o calor a técnica que já vem sendo usada para manipular o som, Maldovan teve primeiro que reduzir a frequência dos fônons, criando o que ele chama de "calor hipersônico".
Usando uma retícula feita de ligas de silício e nanopartículas de germânio de dimensões muito precisas, o pesquisador conseguiu reduzir a larga banda de frequências do calor, concentrando mais de 40% deles na faixa hipersônica entre 100 e 300 gigahertz.
Em linhas gerais, a estrutura torna o calor mais "parecido" com o som, permitindo sua manipulação.
Com isto, a maioria dos fônons de calor se alinhou em um feixe estreito, em vez de se espalhar em todas as direções - um análogo do que uma lente faz com a luz.
Como os cristais fonônicos estão agora sendo usados para manipular o calor, Maldovan rebatizou sua versão dessas nanoestruturas de termocristais, criando uma nova categoria de materiais.
Termocristais
Os termocristais terão uma ampla gama de utilizações, incluindo melhores dispositivos termoelétricos, que convertem calor em eletricidade, e diodos termais, componentes que permitirão que o calor flua em apenas uma direção.
Os diodos termais, ao impedir que o calor dê marcha-a-ré, serão úteis no isolamento térmico de edifícios, tanto em climas quentes, quanto em climas frios.
Outra possibilidade será o melhoramento das recém-demonstradas camuflagens termais, que impedem a visualização do calor por câmeras infravermelhas.
 
Bibliografia:

Narrow Low-Frequency Spectrum and Heat Management by Thermocrystals
Martin Maldovan
Physical Review Letters
Vol.: 110, 025902
DOI: 10.1103/PhysRevLett.110.025902

Papel de parede antiterremoto chega ao mercado


Papel de parede antiterremoto chega ao mercado
O papel de parede sísmico é um tecido compósito feito de fibras de vidro e polímeros. [Imagem: M. Urban/KIT] 
Redação do Site Inovação Tecnológica - 14/01/2013

Reforço contra desabamentos

Acaba de chegar ao mercado o primeiro tecido de revestimento para paredes capaz de minimizar os efeitos de terremotos.
O papel de parede contra terremotos vem sendo desenvolvido há vários anos por engenheiros do Instituto de Tecnologia Karlsruhe, na Alemanha.
Depois de reproduzir em laboratório o terremoto que devastou L'Aquila, na Itália, em 2009, a equipe multidisciplinar demonstrou os benefícios do material, sobretudo contra os desabamentos.
Embora não garanta a integridade total das casas e edifícios, o papel de parede antiterremotos deverá minimizar a queda de detritos, dando tempo às pessoas para sair das casas em segurança e às equipes de socorro para prestarem a assistência inicial.


Tecido compósito




O papel de parede sísmico é um tecido compósito feito de fibras de vidro e polímeros.
A elevada rigidez e a resistência à tração das fibras de vidro permitem que as paredes suportem melhor as tensões sofridas durante os terremotos, evitando que danos pontuais se transformam em fendas e rachaduras.
Se as fibras de vidro se romperem, o que pode ocorrer durante um terremoto mais forte, as fibras de polipropileno, que são elásticas, mantêm os segmentos da parede juntos, evitando sua queda imediata.
O tecido de reforço é aplicado sobre as paredes com uma espécie de argamassa pré-fabricada, que lembra mais um emplastro, como os usados em ferimentos - os pesquisadores chamam o material de "roupagem profilática".
"A colocação do produto no mercado transforma nossa ideia de laboratório em uma inovação concreta," comemorou Lothar Stempniewski, que desenvolveu o material com seu colega Moritz Urban.
A ideia inicial era proteger prédios históricos, mas o novo material mostrou-se adequado para construções de todas as idades.

Hospitais e escolas

Graças ao reforço, a queda de muros e paredes é retardada por horas e, nos melhores casos, é completamente evitada.
"Particularmente no caso de terremotos fracos e moderados, a maioria [das construções] dispensa qualquer reforço para evitar o colapso do prédio," disse Urban.
"No caso de uma catástrofe, poderemos ter benefícios suficiente se conseguirmos reforçar e proteger pelo menos infraestruturas críticas, como hospitais, escolas e casas de repouso," acrescentou Stempniewski.
O papel de parede antiterremoto está sendo colocado no mercado, inicialmente na Alemanha e na Itália, pela empresa Rofix, com o nome de "Sisma Calce".

Brasil é o país com menor importação

Fonte: O Estado de S. Paulo - 14/01/2013
O Brasil é o país que menos importa no mundo, como proporção do seu PIB. Os dados são do Banco Mundial, e mostram como a economia brasileira é fechada, apesar das reclamações de empresários sobre a concorrência externa.
Em 2011, segundo o Banco Mundial, o Brasil teve exportações de bens e serviços equivalentes a 13% do PIB. Numa lista de 179 países, o Brasil é o que tem a menor relação entre importações e PIB. A grande maioria dos dados é de 2011, mas, no caso de alguns países, o dado é de anos anteriores (de 2007 a 2010). No grupo dos Brics, por exemplo, a China tem importações de produtos e serviços de 27% do PIB, a Índia de 30%e a Rússia de 21%. 
 
Entre as principais economias da América Latina, o México tem importações correspondentes a 32% do PIB, a Argentina a 20% e a Colômbia a 17%. Mesmo os Estados Unidos, que são a maior e mais diversificada economia do mundo, apresentam uma proporção de importações sobre o PIB de 16%, maior do que a brasileira. 
 
“Se a economia se fecha, a escala de produção é menor, o País não importa as tecnologias mais avançadas e a produtividade é prejudicada”, diz o economista Edmar Bacha, um dos “pais” do Plano Real, e hoje diretor do Instituto de Estudos de Política Econômica/Casa das Garças (Iepe/ CdG). Ele nota que uma empresa como a Embraer importa a grande maioria dos seus componentes (como os motores Rolls-Royce britânicos), mas, em compensação, tem um produto competitivo no mercado internacional que lhe garante uma escala global para as suas vendas. 
 
A preocupação de Bacha e de outros economistas liberais é como que vêem como uma “guinada protecionista” do atual governo. Esta mudança pode ser vista na elevação das tarifas de cem produtos, acertada com os demais parceiros do Mercosul, e na proliferação de medidas de exigência de “conteúdo nacional” em áreas tão distintas como petróleo, automóveis, telecomunicações e medicamentos.
 
Custo dos investimentos
Em recente pesquisa com Regis Bonelli, economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas no Rio (FGV-Rio), Bacha investiga a alta histórica, ao longo do processo de industrialização brasileiro, do custo dos investimentos. Eles encontram evidência de que a substituição de maquinário importado por nacional é uma das causas desse processo que, segundo Bacha, é totalmente discrepante em relação à experiência histórica de quase todos os países. Como os investimentos incluem também a construção civil, o economista suspeita que cartéis em setores como cimento e aço também contribuam para o alto preço das inversões no Brasil. 
 
Bacha nota que o preço dos investimentos parou de crescer a partir de 1994, o que atribui aos efeitos da abertura comercial do início dos anos 90. Mas o custo de investir permaneceu num patamar elevado. Para o economista, a guinada protecionista do governo torna ainda mais improvável que o custo do investimento no Brasil convirja para níveis mais comparáveis com os de outros países. Para o economista Maurício Canêdo, do Ibre, um problema particularmente grave das recentes medidas protecionistas é que elas atingem insumos intermediários, como máquinas e equipamentos. “Proteção em bens finais, como automóveis, é ruim, mas dá para lidar com isso; já proteção em máquinas e equipamentos é péssimo”, diz. 
 
A razão, segundo Canêdo, é que medidas protecionistas para insumos intermediários oneram a economia como um todo, além de limitarem o acesso a novas tecnologias. “Boa parte dos erros cometidos nas décadas de 60 e 70 têm a ver com proteger demais o mercado desses insumos,e aparentemente estamos cometendo o mesmo erro agora”, critica. O economista nota que a recente desvalorização do real já contribui para tornar mais caro o preço de máquinas importadas. Tanto Bacha quanto Canêdo chamam a atenção para o fato de que até o Ministério da Saúde tem políticas voltadas ao conteúdo nacional. “O Ministério da Saúde deveria estar mais preocupado em diminuir a incidência de doenças do que em viabilizar a produção de equipamentos médicos no Brasil, o que pode até aumentar seu preço”, diz Canêdo.
 
Protecionismo
 O economista Fernando Rocha, sócio da gestora de recursos JGP, no Rio, acha que“houve sim uma guinada protecionista, e o governo está mais propenso a ouvir lobbies que pedem proteção”. Ele acrescenta, no entanto, que a postura do governo brasileiro deve se rvista no contexto mais amplo de uma tendência global ao protecionismo. “O ambiente de crise nem sempre leva ao melhor do ponto de vista econômico – em casa que falta pão,todo mundo briga e ninguém tem razão”, comenta.
 
Dados levantados pela JGP mostram que as importações brasileiras como proporção do PIB em 2012 estavam em 9,8%, menos que os 10% de 2001. Os números são diferentes dos dados do Banco Mundial porque não incluem os serviços. Já as exportações brasileiras de bens chegaram a 10,7% do PIB em 2012, praticamente omesmo nível de 2001, quando foram de 10,5%.
 
Por Fernando Dantas/ O Estado de S. Paulo 

15 vezes mais forte que o aço

Fonte: CIMM com informações TecMundo e PhysOrg
O centro de pesquisas da Universidade de Southampton, no Reino Unido, criou um tipo de nanofibra baseada em sílica que consegue ser 15 vezes mais resistente que o aço. O composto pode se manter leve e forte sendo produzido em fibras únicas e não em feixes, como se costuma fazer em cordas para aumentar a resistência.
As nanofibras transformadas em nanofios, ao contrário dos nanotubos de carbono — considerados os mais resistentes do mundo até então —, podem ser produzidas em larga escala e em tamanho variável, passando dos quilômetros em um único fio. Já as estruturas de carbono, apesar de rígidas, não podiam ser utilizadas em estruturas maiores que poucos centímetros.
 
"A sílica e o oxigênio, que compõem as nanofibras, são os dois elementos mais comuns da crosta terrestre. Ou seja, é um produto sustentável e barato para explorar", explica o pesquisador responsável pelo projeto, Gilberto Brambilla. 
 
Segundo Brambilla, atualmente eles são os pioneiros na potencialização da resistência dessas nanofibras. "Normalmente, para você aumentar a força de uma fibra, você tem que aumentar o seu diâmetro e, portanto, o seu peso. Mas em nossa pesquisa quando você diminue o tamanho das nanofibras de sílica, aumenta sua força e mantém a leveza", comenta. 
 
Os pesquisadores acreditam que as nanofibras de sílica poderão ser utilizadas, principalmente, pelas indústrias naval, aeronáutica e de equipamentos de segurança para construção de cascos e estruras de barcos, aviões e outros.
 
O produto, que está sendo estudado no Reino Unido há cinco anos, chamou a atenção de inúmeras empresas do mundo inteiro. O total de investimento na pesquisa foi de 500 mil libras esterlinas, o que corresponde a mais de R$ 1,5 milhão. 
 

Volkswagen expande projeto de fábrica digital

Fonte: Assessoria de imprensa - 10/01/2013

A Volkswagen do Brasil, por meio da unidade de São Carlos, firmou em dezembro parceria com a Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) para a expansão do projeto Fábrica Digital, tecnologia do Grupo Volkswagen composta por um conjunto de softwares que possibilitam a simulação virtual de processos e práticas de operações em diversas áreas como a engenharia industrial.
A Fábrica Digital desenvolve alternativas para a construção de unidades industriais e de processos produtivos antes de serem implementados fisicamente. As simulações, via computador, têm como objetivo reduzir os investimentos, prazo de implantação e o tempo de fabricação dos veículos, além de promover a ergonomia.
Na fábrica de motores de São Carlos, em fase piloto, o projeto é aplicado em uma das máquinas da linha de Usinagem de Blocos II, etapa do processo produtivo responsável pela transformação da peça bruta de ferro fundido em bloco de motor com as condições ideiais para seguir para a etapa de montagem. 
Com a parceria, o projeto será ampliado para mais duas operações, por meio do software Real NC, especificamente para a simulação de usinagem em ambiente digital (3D) e aplicado por meio de programação de códigos do sistema CNC, responsável pela operação de máquinas. 
Participam do projeto professores e alunos do curso de engenharia de produção da universidade e profissinais da a área de engenharia de manufatura das unidades de São Carlos e São Bernardo do Campo. O projeto será dividido em três etapas, que consistem na otimização de tempo de usinagem em cada operação.
Segundo o gerente da engenharia industrial da unidade da Volkswagen em São Carlos, Claudio Roberto Belaz, para que o projeto alcance o sucesso esperado é fundamental que o conhecimento e os recursos disponibilizados pela Universidade estejam alinhados com o conhecimento e a vivência prática da área de engenharia da fábrica.
"Neste contexto, o envolvimento dos profissionais da área de engenharia da fábrica de São Carlos torna-se imprescindível para que os processos sejam desenvolvidos e implementados de acordo com os padrões de qualidade e produtividade requeridos, de forma a consolidar a condição de nossa unidade de produção como uma das mais competitivas do grupo", disse.
Vantagens
A criação de processos de usinagem do bloco do motor em ambiente digital possibilita prever e reavaliar situações de usinagem como simulação de troca de ferramentas, análise de sequência de montagem, visualização de possíveis falhas, redução de tempo nas paradas de máquinas, criação de estudos para otimização no tempo de ciclo da máquina e validação de novos produtos, dispositivos e programas de usinagem para projetos futuros. 
De acordo com a analista de processos e coordenadora do programa, Sandra Zimmermann, a parceria terá como foco a virtualização e otimização do tempo de produção e irá contribuir para a extensão do conhecimento dos estudantes da área de engenharia de produção.
Com a Fábrica Digital o manuseio das máquinas fica mais prático e seguro, uma vez que o colaborador faz as alterações necessárias no software, aprova a programação, salva em um pen drive e transfere para a máquina.
Unidade de São Carlos
Em 2012, a Volkswagen inaugurou, com investimentos da ordem de R$ 90 milhões, a terceira linha de Usinagem de Blocos, o que elevou a capacidade de produção diária de 3.300 para 3.800 motores/dia. Em 2012 também foi anunciada a expansão da unidade de São Carlos, por meio da construção de novo prédio produtivo, com investimentos de R$ 335 milhões. 
Com a expansão, a capacidade produtiva de 3.800 motores/dia passa para 4.800 este ano, atendendo a demanda de mercado brasileiro e ainda abastecendo as unidades de São Bernardo do Campo, Taubaté (SP) e São José dos Pinhais (PR), além da fábrica de Pacheco, na Argentina. 

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Tecnologia a favor dos trabalhadores na indústria

Fonte: Inovação Tecnológica - 07/01/2013
Em tempos de automação de tudo, pode parecer estranho que uma equipe de pesquisadores queira "revolucionar o trabalho manual".
Mas este é justamente o objetivo do projeto ManuVAR, que reúne nada menos do que 18 instituições de oito países europeus.
Apesar da automação crescente, e da importância dos robôs industriais, o fato é que a maior parte do trabalho nas indústrias ainda é feito por operários humanos. Isso inclui, é claro, manipular ferramentas e controlar máquinas.
A montagem de um liquidificador ou de um satélite espacial, a manutenção de usinas de geração de energia, a operação de equipamentos complicados ou mesmo o projeto dos produtos, tudo é baseado no conhecimento e na habilidade de trabalhadores que operam manualmente suas ferramentas de trabalho.
Quanto mais especializados os trabalhadores, e quanto mais alto o nível de suas tarefas, menor é a chance de automatizar o trabalho. Como a automação não é a solução nesses casos, os pesquisadores querem dar a esses trabalhadores o máximo de suporte tecnológico.
"O sistema ManuVAR melhora todos os aspectos do trabalho manual para todos os atores envolvidos no ciclo de vida do produto, dos engenheiros e gerentes, aos operários e operadores de máquinas," afirma o Dr. Boris Krassi, do Instituto VTT, na Finlândia, coordenador do projeto.
Segundo ele, essas melhorias resultarão em melhor qualidade, maior valor agregado para os produtos e menor tempo para que um projeto se transforme em um produto comercial.
Outras realidades
Embora envolvam medidas como a ergonomia e técnicas de gerenciamento, dando mais liberdade aos trabalhadores, o lado tecnológico que mais chama a atenção é o uso da realidade aumentada e da realidade virtual.
Os trabalhadores poderão olhar o projeto ou o esquema da peça a ser montada na própria linha de produção, por meio de projeção ou óculos especiais, ou ainda visualizar a própria peça como ela deverá ser depois de pronta, bem ao lado da que está sendo montada.
Mas esta será apenas metade da história, já que o sistema incorpora mecanismos para que o trabalhador insira dados e o seu próprio conhecimento na base de dados, relatando, por exemplo, dificuldades na execução do trabalho, sugestões para melhoria no projeto ou passos específicos para facilitar a montagem.
"O uso dessa tecnologia vai criar um fluxo de conhecimento de mão dupla. Isso permitirá que o conhecimento empresarial seja acumulado, arquivado, compartilhado e reutilizado," diz o engenheiro.
Desumanização
Segundo a equipe, o ManuVAR é na verdade uma reação a algumas consequências nefastas da globalização, como a dispensa de trabalhadores qualificados para redução dos custos de mão-de-obra ou a terceirização no exterior. Isso tem levado a problemas como perda na qualidade dos processos e dos produtos e atrasos nos prazos de entrega.
A proposta é que a tecnologia possa ajudar a reverter esse quadro de depreciação da mão-de-obra mais qualificada, defendem os engenheiros, acrescentando é que necessário dar um passo além da fabricação enxuta, ou otimizada (lean manufacturing).