As iniciativas, indispensáveis para contribuir na redução do chamado
IPI gordo, de 30 pontos extras, serão introduzidas gradativamente até
2017, de modo a atender a meta de 12,08% de redução de consumo de
combustível já contemplada no Inovar-Auto. A forma de contabilizar essa
redução será esclarecida em portaria.
Não se espera, ainda, que os novos motores tenham os requintes dos
similares europeus, norte-americanos e asiáticos, que recorrem a injeção
direta, turboalimentação e comando de válvulas variável. Na trajetória
para a disseminação dessas tecnologias, que se traduzem em maior
eficiência na combustão, ganho de potência e redução de emissões, novos
componentes estão sendo desenvolvidos, como blocos de alumínio, mais
leves que os de ferro.
A preocupação com a eficiência energética já aparece no Programa
Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBE), promovido pelo Inmetro, que
evidencia a eficiência energética (classificação por consumo) e
classifica os carros com notas de A a E. Este ano a lista alinha 184
veículos de passeio, de 10 marcas diferentes, em seis categorias, e
acrescenta utilitários esportivos. Em 2011 havia oito fabricantes e 105
modelos e versões. Estão na relação Fiat, Ford, Honda, Kia, Peugeot,
Renault, Toyota e Volkswagen, além das novatas Citroën e Hyundai. GM,
Mitsubishi e Nissan ainda não aderiram à etiquetagem, que é voluntária.
Volkswagen
Informações de bastidores revelam que a Volkswagen promoverá um
alinhamento internacional de seus motores, produzindo com alumínio a
família de motores EA 211 na fábrica de São Carlos (SP), incluindo um
três-cilindros que será usado no seu futuro compacto Up! e no utilitário
esportivo Taigun. As capacidades podem ser de 1.0, 1.4 e 1.6 litro.
Hoje são montados os motores EA 111 (1.0, 1.4 e 1.6), com blocos de
ferro da Tupy, Teksid e WHB, que também fornece cabeçotes de alumínio.
Em maio de 2011, quando comemorou 7 milhões de motores montados desde
1996, a unidade da Volkswagen em São Carlos inaugurou nova área de
usinagem para elevar a produção diária de 3,3 mil para 3,8 mil
propulsores, com investimento de R$ 90 milhões. Mas a expansão é bem
maior: já está construída uma nova linha de produção bem ao lado da
atual, que já começa a receber maquinário e deve praticamente dobrar a
capacidade da unidade no interior paulista.
PSA e GM
A PSA Peugeot Citroën, com a família de motores EB0, e a GM fizeram
cotações separadas entre fornecedores de componentes, mas agora estão em
conversações para definir estratégias comuns, incluindo a introdução de
blocos e cabeçotes de alumínio. Em Joinville (SC) a GM faz
investimentos na fábrica de motores e transmissões, mas trata-se de
ampliação de capacidade – a empresa fará mais do mesmo. A GM detém 7%
das ações da PSA, cuja planta em Porto Real (RJ) fabrica motores de
quatro cilindros 1.4 (8 válvulas), 1.5 (8 válvulas) e 1.6 (16 válvulas)
ao ritmo de até 280 mil unidades/ano (1.037 unidades/dia). Do total
produzido, que alcançou 1 milhão em 2011, 39% foram exportados.
Além de produzir motores em sua unidade de São José dos Campos (SP), em
Joinville a GM aplica R$ 350 milhões e está próxima de inaugurar a
linha de montagem de motores da família SPE/4 (1.0 e 1.4, 8 válvulas),
que terá capacidade para 120 mil unidades/ano, além de 200 mil
cabeçotes, dos quais 80 mil serão destinados à fábrica de Rosário, na
Argentina.
Renault e Nissan
Projeto significativo em andamento é o da Nissan, que terá fundição de
alumínio no complexo de Resende (RJ), para fabricar blocos de motores
1.0 (3 cilindros) e 1.6 (4 cilindros). A Renault poderá ser beneficiada
com o projeto da montadora japonesa, com a qual trocará propulsores.
Especula-se que a Mercedes-Benz poderia entrar nesse programa e até
mesmo montar algum de seus veículos na planta fluminense da Nissan. Vale
lembrar que o novo Classe A adotou um motor 1.5 diesel da Renault.
A linha de motores atual da Renault em São José dos Pinhais (PR)
engloba 1.0, 1.2 e 1.6 de 8 e 16 válvulas. A planta já produziu 2,5
milhões de unidades, das quais 1,2 milhão foram exportadas para
abastecer mercados da Argentina, Chile, Colômbia e México. Essa fábrica,
além de equipar modelos da marca, produz também o motor 1.0 do March,
modelo da coligada Nissan, que é montado no México e vendido no Brasil. A
Renault elevará em 100 mil unidades a capacidade de produção da linha
paranaense, alcançando o patamar de 500 mil/ano em 2013. A iniciativa
dará fôlego às plantas de automóveis e comerciais leves, cuja capacidade
subirá de 280 mil para 380 mil veículos/ano.
Ford e Fiat
A Ford fabricará em Camaçari (BA) motor derivado do Fox inglês para
atender a montagem do novo Ford Ka nas versões hatch e sedan. O bloco de
ferro deve ser fornecido pela Tupy. A planta de motores, com aporte de
R$ 400 milhões, poderá produzir até 210 mil unidades por ano. A empresa
faz em Taubaté (SP) os motores Sigma 1.6, de alumínio, utilizados no
EcoSport, New Fiesta (México) e Focus (Argentina). Já foram produzidos 3
milhões de Zetec Rocam 1.0 e 1.6, na mesma unidade, para equipar o
Fiesta, Ka e picape Courier, à base agora de 1,1 mil por dia.
Na Fiat há esforços em andamento para aperfeiçoamento dos atuais
propulsores e ainda não se sabe de instalações completas para produção
de motores no complexo de Goiana (PE). A empresa monta os modelos Fire e
EVO em Betim (1.0 e 1.4, de 8 válvulas) e e-torq (1.6 e 1.8, de 16
válvulas) em Campo Largo (PR).
Japonesas
Desde 2008, a Honda produz os motores do Civic, Fit e City na sua
fábrica de Sumaré (SP) onde, nos últimos anos, passou a fundir e usinar
blocos e cabeçotes de alumínio na própria unidade.
Em Porto Feliz (SP) a Toyota investe R$ 1 bilhão para construir sua
fábrica de motores a ser inaugurada até 2015. A japonesa montará as
versões 1.3 e 1.5, para o Etios, e 1.8 e 2.0 do Corolla, todas com 16
válvulas. Os dois últimos terão comando de válvulas variável. A planta
empregará até 700 pessoas no primeiro estágio de produção.
A Mitsubishi Motors do Brasil trabalha na expansão de suas operações
automotivas investindo R$ 1,1 bilhão na unidade de Catalão, em Goiás,
para aumentar a capacidade de produção, lançar novos modelos e dar
partida a uma fábrica de motores, em 2014, eliminando as importações do
Japão.
Por Paulo Ricardo Braga/ Automotive Business
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