Os engenheiros sabem que duas coisas aumentam o nível de fricção em um
motor a combustão. A primeira é atribuída à distorção do cilindro onde
vai a cabeça do pistão, algo conhecido como distorção estática. A
segunda ocorre quando o motor está funcionando e as temperaturas
deformam o cilindro. A magnitude dessa distorção térmica depende da
temperatura de funcionamento e varia para cada modelo específico de
motor.
Apoios indesejados
Na realidade, os pistões não seguem um movimento perfeitamente suave
para cima e para baixo - eles tocam o bloco do motor em pontos discretos
no interior do cilindro. O resultado é a necessidade de muito mais óleo
para lubrificar o motor, além do que o atrito fará com que ele consuma
mais combustível.
As montadoras já conseguem compensar a distorção estática. Durante a
fase de usinagem final, os técnicos usam uma ferramenta de polimento
para simular a cabeça do pistão que será posteriormente montado. Só
então o trabalho de acabamento do furo é concluído. A distorção térmica,
por outro lado, até hoje não tinha solução, não sendo compensada.
Ferramenta piezoelétrica
Este problema acaba de ser resolvido por pesquisadores do Instituto de
Máquinas-Ferramenta e Tecnologia de Formação (IWU), na Alemanha, em
colaboração com uma montadora e um fabricante de máquinas-ferramenta.
"Nossa
tecnologia torna possível compensar tanto a distorção estática quanto a
térmica. Isto pode levar a uma economia de combustível de 2 a 3 por
cento nos motores a combustão, e elimina um passo na sua fabricação,"
André Bucht, coordenador do projeto.
Isto foi possível usando uma ferramenta de polimento capaz de alterar
sua própria forma - atuadores piezoelétricos alteram o diâmetro da
ferramenta com incrível precisão.
Polimento dinâmico
Os pesquisadores primeiro calculam como o bloco do motor tende a se
tornar distorcido: eles determinam o nível de distorção estática tirando
a cabeça do cilindro e medindo a extensão em que o furo foi deformado.
A seguir eles simulam a distorção térmica que ocorre em cada modelo de
motor utilizando-se de uma temperatura de funcionamento de 90°C como
referência.
A nova ferramenta de polir ajusta então sua forma com base nestes
cálculos, alterando assim o perfil do furo do bloco do motor de modo que
os movimentos do pistão sejam perfeitamente suaves, eliminando o atrito
excessivo advindo do seu apoio em poucos pontos no bloco.
Ou seja, não se trata de fazer um furo perfeito, mas de dar ao furo as
imperfeições de que ele precisará na prática para que o motor precise de
menos lubrificação. E, com menos atrito, ele consumirá menos
combustível. O uso da nova ferramenta dinâmica aumentou o tempo de
usinagem de cada motor em menos de 30 segundos, o que permite seu uso
imediato na linha de produção
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