Fonte: Valor Econômico - 22/02/2013
O Rio Grande do Sul concentra esforços em torno de um objetivo ambicioso: o desenvolvimento de uma complexa indústria oceânica, envolvendo grandes estaleiros para construção de embarcações, cascos e plataformas de petróleo, inicialmente na área do Porto Rio Grande, no extremo Sul do Estado, mais recentemente no município de São José do Norte, em frente ao superporto e, agora, em Charqueadas, às margens do rio Jacuí, na Grande Porto Alegre.
Tudo em sintonia com fabricantes de equipamentos para o setor de
petróleo e gás, que também pretendem aproveitar os volumosos
investimentos previstos pela Petrobras, em torno de US$ 236 bilhões nos
próximos quatro anos, prioritariamente, para exploração e produção de
petróleo e gás natural.
O movimento é acelerado. Num terreno de 360 mil m2, próximo a
Charqueadas, a IESA Óleo&Gás ergue sua planta para fabricação e
montagem dos módulos de compressão de gás que serão instalados nas
primeiras seis plataformas de exploração das jazidas do pré-sal. É parte
do contrato da IESA com a Petrobras, de US$ 720 milhões, mas que pode
chegar a US$ 911 milhões, com fornecimentos adicionais.
A IESA está gastando R$ 80 milhões na obra, que deverá estar pronta em
março para o início de fabricação das estruturas metálicas. "O canteiro
deverá ter aproximadamente 1,6 mil pessoas, mas já recebemos mais de 4,5
mil currículos de profissionais de várias regiões interessados em
trabalhar no polo de Jacuí", diz João Alves de Oliveira, gerente de
construção da empresa.
Mão de obra abundante e qualificada e boas condições geográficas
favorecem a atração de investimentos para a criação de novos polos,
avalia Aloísio Nóbrega, vice-presidente da Agência Gaúcha de
Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI). "A estratégia para
consolidação da indústria offshore é apostar na ampliação de localização
geográfica da indústria oceânica, espalhando o conceito para outros
pontos da Bacia Hidrográfica Sul, ligada à Lagoa dos Patos, mitigando os
impactos ambientais e urbanos", explica.
Uma das primeiras providências, segundo Nóbrega, é o desdobramento do
complexo portuário em Rio Grande para o vizinho município de São José do
Norte, que possui canal com calado acima de 14 metros e uma área ainda
não explorada.
O Estaleiros do Brasil (EBR), associado ao grupo japonês Toyo
Engineering Corporation, está prestes a ser declarado vencedor de uma
licitação para construção de duas plataformas para a Petrobras -
contratos estimados em US$ 1,3 bilhão - e deve investir R$ 1,2 bilhão na
construção em São José do Norte de uma planta de 1,5 milhão de metros
quadrados, um dique seco e dois pórticos, que, juntos, poderão içar 1,6
mil toneladas. Terá seis mil empregados.
"O superporto de Rio Grande já está congestionado e toda a área está
saturada por investimentos públicos e privados", diz Nóbrega. De fato,
no momento, quatro estaleiros ocupam a região de Rio Grande: a Quip,
atualmente com três plataformas em construção, a Queiroz Galvão, com
contratos de US$ 1,3 bilhão para uma plataforma, a Ecovix, com dois
estaleiros para cascos do pré-sal e navios sondas, contratos no total de
US$ 5,4 bilhões, e a Wilson Sons, que vai construir um estaleiro
semelhante ao que tem em Guarujá (SP), para produzir e restaurar
embarcações de apoio à exploração de petróleo e gás, como rebocadores e
navios de médio porte. Seu investimento numa área de 120 mil metros
quadrados será de R$ 259 milhões.
Por Genilson Cezar/ Valor Econômico
Nenhum comentário:
Postar um comentário