Estradas com faixas para recarregar os veículos elétricos enquanto rodam
estão na agenda de diversas projetistas, engenheiros e até
montadoras.[Imagem: Studio Roosegaarde]
Com informações da BBC - 03/05/2013
Tecnologia nas estradas
Há décadas montadoras se esforçam para melhorar a tecnologia de seus
carros. As condições das estradas, porém, parecem não ter evoluído no
mesmo ritmo.
Agora, dois holandeses prometem mudar essa realidade com inovações
como placas luminosas com alertas para condições meteorológicas adversas
e uma pista que recarrega carros elétricos conforme eles andam.
Daan Roosegaarde, um artista conhecido por seus projetos excêntricos,
e Hans Goris, diretor de um escritório de engenharia, já se envolveram
em outros projetos ousados no passado - particularmente Roosegaarde, que
chegou a desenvolver uma pista de dança com luzes ativadas pelos pés
dos baladeiros e um vestido que fica transparente quando a mulher fica
excitada.
A nova aposta da dupla, porém, são tecnologias que, segundo eles,
podem revolucionar a construção e uso de estradas - eles não estão
desenvolvendo as tecnologias, apenas tentando trazer tecnologias já
desenvolvidas, ou em desenvolvimento, para o mundo real.
O projeto foi batizado de "Rota 66 do futuro" - uma alusão à icônica
estrada norte-americana que até os anos 80 ligava Chicago a Los Angeles.
"Sempre me impressionou o fato de que gastamos bilhões em projetos de
pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias para os carros, mas as
estradas ficaram completamente imunes a esse processo", diz Roosegaarde.
"Nessa área, ainda estamos presos na Idade Média."
Iluminação nas estradas
Uma das inovações vislumbradas por Roosegaarde é uma pintura de
estrada que emitiria uma luz forte no escuro, dispensando a instalação
de postes de luz nas estradas - em vários países europeus, as estradas
são iluminadas como as ruas.
"Quando começamos este projeto, Heijmans estava tentando criar uma luz de rua que funcionasse por meio de painéis solares.
"Fiz com que ele considerasse outras opções. Como é que uma água-viva
emite luz, por exemplo? Elas não têm painéis solares, nem conta de
energia.
"Voltamos à prancheta de projetos e saímos com a ideia dessas tintas
que 'se carregam' durante o dia e emitem luz à noite," explicou
Roosegaarde.
Mas ter a ideia é uma coisa - e transformá-la em realidade, é outra. E
é nesse desafio, que a experiência de Goris pode fazer a diferença.
Segundo o engenheiro, uma das opções para criar as tais placas
luminosas, por exemplo, seria misturar na sua tinta grandes quantidades
de um cristal especial, que contém aditivos como o európio.
Outra tecnologia que já está sendo testada diz respeito ao uso de uma
mistura de tinta termossensível para criar grandes placas de
sinalização em formato de flocos de neve que avisariam aos motoristas
sobre a presença de gelo na pista.
Estrada que recarrega energia
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Tintas
que brilham para indicar condições da estrada estão entre as ideias que
os dois holandeses pretendem divulgar e, sepossível, implementar.
[Imagem: Studio Roosegaarde] |
Também há um grande entusiasmo dos dois
holandeses em relação ao projeto das
estradas magnéticas, com uma pista exclusiva para
carros elétricos com bobinas que carregariam as
baterias dos veículos conforme eles rodam.
A ideia de recarregar os carros elétricos em movimento, usando eletricidade sem fios, não é nova - a
Coreia está testando trens elétricos sem fios e pesquisadores japoneses recentemente mostraram que os carros elétricos podem receber energia pelos pneus.
"Não acho que cada autoestrada holandesa terá uma pista como essa,
mas poderíamos pensar em ter isso em alguns lugares específicos", diz
Goris.
Uma quarta ideia que a equipe holandesa pretende desenvolver até 2015
diz respeito a implantação de pequenas turbinas em locais estratégicos
das estradas para usar o vento gerado pela passagem dos veículos para
acender lâmpadas de sinalização.
"Descobrimos que, principalmente na frente e no fim de túneis, há
muito vento e poderíamos usar esse movimento de ar (para gerar
energia)", acredita Roosegaarde.
Ainda é cedo para saber quanto dessas ideias sairão do papel. "Mas, a menos que alguém esteja disposto a assumir o risco de ter ideias que à primeira vista parecem impossíveis, nunca progrediremos", opina Bill Thompson, especialista em tecnologia da BBC.