A sustentabilidade já norteia grande parte das atividades industriais, porém empresários ainda resistem na hora de pagar mais por equipamentos que consomem menos energia e, como consequência, contaminem menos o meio ambiente. Mas, gradativamente, casos concretos e especialistas vêm comprovando a importância de adotar a Produção mais Limpa dentro das indústrias.
O coordenador da linha de pesquisa em Produção mais Limpa e Ecologia
Industrial, da Universidade Paulista (UNIP), Biagio Fernando Gianetti,
defende que para se levar adiante esse tipo de programa em parques
industriais, o primeiro passo é medir, para depois controlar e, em
seguida, melhorar. "A P+L tem como objetivos melhorar as práticas de
produção e susbtituir as matérias-primas tradicionais. Assim, objetivos
ambientais são atingidos e identificam-se novas oportunidades", explica
Gianetti.
O coordenador do Curso de Engenharia Ambiental da Unisinos, Carlos
Alberto Moraes, conta que a implantação da Produção mais Limpa pode
acontecer até mesmo em pequenas fundições, basta proporcionar
investimento e conhecimento. Ele coordenou um projeto dentro da
Metalúrgica Loscheitter, empresa gaúcha com 50 funcionários.
Com soluções, muitas vezes simples, Moraes, colaboradores da empresa e
alunos conseguiram uma redução de 70% no desperdício de matéria-prima.
"Um dos exemplos é que havia perdas significativas de areia no
misturador, o que exigia tempo do colaborador para recolher a areia e
gastos de matéria-prima e energia para regenerar. A solução encontrada
foi soldar chapas de aço na conexão do equipamento com a esteira",
comenta Moraes. Ele afirma que uma das principais barreiras em
implementar inovações ambientais em fundições de pequeno porte é que o
processo não é contínuo. "Elas sofrem quedas em função da situação do
mercado, sofrem influência do setor de aço e automotivo. Enfim, quando a
empresa está em crise, deixa de investir em melhorias", explica.
Equipamentos
Atualmente, diversos equipamentos voltados para o setor de fundição
priorizam a eficiência energética e o reaproveitamento de resíduos. Os
fornos de espera da Master Fiber são exemplos disso. Os fornos de
manutenção de alumínio Mastertherm gastam um sexto da energia consumida
em fornos de cadinho, comuns em pequenas fundições. Os equipamentos são
resultado de uma parceria com a dinamarquesa Stotek. "A Stotek
desenvolve máquinas de baixo consumo, durabilidade e custo operacional
baixo, visando assim à economia como um todo, de energia elétrica,
insumos e matéria-prima", explica o vendedor da Master Fiber, Valdir
Nogueira.
A
empresa também trabalha com forno dosador de alumínio, o Dosotherm.
Esse tipo de forno é voltado principalmente para indústrias de médio a
grande porte e por ter precisão de dosagem, não há perdas no processo.
"Um de nossos maiores clientes é a Stihl, que tem seis desses fornos
dosadores em sua fábrica em São Leopoldo (RS). Mas percebemos que a
demanda ainda é pequena no Brasil. A partir do momento que perderem
competitividade, as empresas irão investir em tecnologias mais
avançadas", acredita Nogueira.
As
máquinas de fundição sob pressão de zinco em câmara quente, a DAW 20-F,
da Frech do Brasil, também são uma opção de redução de energia. O
gerente técnico da Frech Brasil, Oliver Hübl, explica que a máquina é de
alta eficiência e os clientes ganham em produtividade com o ciclo de
3,8. "Ela tem um sistema de preenchimento de canal. Assim, a máquina
fica aberta, enquanto o pistão avança um pouco para preencher o canal
até chegar no bico. Esse sistema melhora a qualidade, porque é retirado
todo o ar do canal antes que o molde feche e, como o material já fica no
bico, ganhamos então mais tempo no ciclo", diz. O equipamento também
tem uma câmera para verificação da peça, que analisa, por exemplo, se o
molde está limpo.