A siderurgia é um dos setores da indústria que mais poluem no mundo. Segundo o pós-doutor pela Massachussets Institute of Tecnology (MIT) na área de enegenharia metalúrgica, Marcelo Breda Moura, 6,5% das emissões de CO2 do mundo vêm das siderúrgicas. Ele explica que muitos questionam se a siderurgia deveria ser mantida, pois são muitos impactos ambientais para uma participação pouco significativa na economia.
No Brasil, as siderúrgicas consomem 8,2% da energia total. Além disso,
14,04% da emissão de CO2 é de responsabilidade das metalúrgicas, que
respondem por 2,5% do PIB nacional. Moura explica que a tendência é que
esse quadro se agrave ainda mais, caso não sejam repensadas as energias
utilizadas pela indústria e a emissão de gás de efeito estufa, que são
apontados por ele como os principais impactos ambientais do setor. Por
exemplo, a produção mineral brasileira aumentou 550% desde 2001 até
2011. Além disso, o Brasil é um grande produtor de minério de ferro e
alumínio e, até 2014, o País deve produzir 728 milhões de toneladas de
minério de ferro.
Segundo o engenheiro metalúrgico, uma das soluções é a utilização de
modernos softwares que calculam exatamente os impactos ambientais e
emissão de CO2 de cada tipo de indústria. "Após esse cálculo, você pode
reduzir a emissão, modificando o tipo de material utilizado", defende
Moura. Ele explica que um exemplo prático são os parachoques feitos de
aço, alumínio ou fibra de carbono. Através do software, analisa-se todas
as etapas do ciclo de vida do material. Nesse caso, no momento da
fabricação, o que mais impacta o meio ambiente é a fibra de carbono.
Porém, durante a utilização do produto, o parachoque de aço é o que mais
traz danos ambientais.
"Soluções para capturar e armazenar o CO2, diminuir as emissões ou
utilizar energia elétrica sem carbono ainda não existem. Uma das saídas
mais viáveis no Brasil é a biomassa como redutor, ou seja, utilizar
carvão vegetal, que não gera CO2. Ele é tecnicamente viável, utiliza
tecnologia simples e já foi comprovado em grande escala", argumenta
Moura.
Para ele, as indústrias devem priorizar a redução de emissão de gás de
efeito estufa, não por uma questão de legislação, mas de
competitividade. "Vejo que uma das saídas para esse problema é fazer
como na Suécia, onde por cada tonelada de CO2 gerado, a indústria tem
que pagar US$ 150", diz.
Fundições
Já nas fundições um dos maiores problemas ambientais é quanto ao
descarte de areia de fundição. Por isso, algumas indústrias já investem
em sistemas de recuperação dessa areia, o que reduz também as perdas de
material e gastos. A IMF Brasil trabalha com um sistema de recuperação
térmica com capacidade de 1,5 ton/h, projetado para tratar e reutilizar
areia de fundição já recuperada mecanicamente, procedente de processos
de resinas orgânicas - cold-box, hot-box, no-bake e shell - e outros
aglomerados com resina.
Durante
o processo, a areia é aquecida com uma mistura de gás e ar. A
uniformidade da temperatura no leito fluido do forno é controlada
através de termopares. Caso a temperatura se eleve em função da alta
concentração de materiais orgânicos, excessivo acúmulo de rejeitos ou
deficiência de limpeza no sistema de fluidificação, estas variações são
identificadas e, por meio de uma válvula moduladora, a vazão de gás é
automaticamente regulada de modo a evitar danos ao sistema e excessivo
consumo de gás.Todas as substâncias orgânicas são queimadas no forno e a
areia limpa é descarregada em um leito fluido de resfriamento dotado de
sistema de trocadores de calor à água. “A areia é resfriada até atingir
uma temperatura adequada para ser reutilizada para a produção de moldes
e machos”, explica o coordenador de contratos da IMF Brasil, Rodrigo
Gaiad de Camargo.